Pelas albufeiras fora ou o Gerês remoto, até Pitões das Júnias

Dia 8. O sol continuava a sorrir-nos e, depois de uma manhã preguiçosa, planeámos ir até a um sítio onde estou para ir desde há uns anos, marcada pelo relato de um amigo que o considera um dos mais belos de Portugal: Pitões das Júnias. Pitões é uma das aldeias remotas do nosso país, bastante preservada, mantendo quase toda ela a arquitectura tradicional da região. A viagem até Pitões é um pouco longa e acabámos por não explorar convenientemente o casario, ficando-nos apenas pelo Mosteiro. Mas já lá vamos.

A viagem vale pelo caminho: há que passar por três albufeiras para lá chegar. A da Caniçada, a de Venda Nova e a da Paradela, todas elas responsáveis pela beleza de tirar a respiração daquele que é, na minha opinião, um dos sítios mais bonitos de Portugal. 


Depois, tivemos que percorrer vários quilómetros de vales e planícies, bem cultivados e ordenados, onde se podem ver à solta vacas, cabras e ovelhas e até alguns cavalos. Há indicações para vários turismos rurais, o que deixa já antever uma visita futura para explorarmos melhor esta zona.


Chegámos finalmente a Pitões e optámos por ir primeiro ao Mosteiro. Para o efeito, há que percorrer a pé uma pequena distância, um trilho bastante acessível para crianças, desembocando num cenário magnífico, com o som de uma ribeira a correr mesmo ao lado das paredes exteriores da capela, que é a única parte recuperada do mosteiro e que ainda funciona, mas que estava fechada aos visitantes.


Cá fora, uma criança tomava banho na ribeira enquanto o irmão dormia às costas da mãe, uma mulher de aspecto tão pequeno e frágil que me fez questionar como conseguia carregar um filho que deveria ter uns quatro anos e que era já mais de metade do seu tamanho. Lá dentro, um grupo de estrangeiros descansava após a caminhada que os levara até ali, certamente mais longa do que a nossa, e a paz do local era apenas perturbada por dois casais portugueses que se deslumbravam alto e bom som com as arcadas do claustro ou com a velha chaminé da cozinha. 


Consigo entender o entusiasmo: o mosteiro é realmente muito bonito, sobretudo quando visto assim de cima. Voltámos pelo outro trilho que nos levaria ao carro. Se tivessemos tido tempo, teriamos ido à cascata e teriamos também visitado com calma a aldeia. Mas a preguiça da manhã e a longa estrada que ainda tinhamos que percorrer para voltar ditaram a necessidade de regressarmos. O que fica é que o meu amigo tem razão: Pitões é realmente um sítio muito bonito e vale a pena, não apenas por si, mas também pelo caminho...

Este seria o nosso último dia no Gerês e no Norte de Portugal. No dia seguinte, seguimos para Lisboa, para jantar com uns amigos e para rumarmos a Sul com roupa limpa e o carro mais leve. Foram dias bem mais calmos, com o descanso merecido apesar do pouco sol e da pouca praia. Mas esse relato fica para amanhã... 

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