Um segredo bem guardado

Cinco de Outubro. Feriado em Portugal. A hipótese para dormir um pouco mais e para recarregar energias. O que é que estão a fazer acordados?, disse ela, num fio de voz, disse ela que apesar de não saber ver bem as horas, sabe como qualquer criança que se preze que, aos cinco anos, só custa levantar cedo quando é para ir para a escola. Aos fins-de-semana e feriados, levantar cedo é sinónimo de ver os desenhos animados da manhã, que lhe estão proibidos durante a semana, a bem do sucesso da rotina diária. Feriado seria sinónimo de acordar antes dos pais, de acordar os pais - e não de ser acordada - mas algo de diferente se passava naquele dia.

Temos que nos despachar, temos uma surpresa para ti. O ar de estupefacção instalou-se no pequeno rosto, sendo seguido por um rol interminável de perguntas, que não receberam mais do que evasivas. As malas à porta, um táxi à espera, uma ida ao ...Porto?!? Porque é que vamos para o Porto de táxi? Mas não era para o Porto, era para o aeroporto, para a sua primeira viagem de avião.

O destino, só o soube quando anunciado pelo Comandante: Paris. Vamos à Disney? Eu queria tanto!!! Pois queria, mas só desde Junho ou Julho, quando uma amiga lá foi e maravilhou os colegas com as suas histórias. Quando marquei a viagem, em Maio, ela nem desconfiava que pudesse haver algo assim. Mas achava que só lá iria quando fosse mais crescida e a ideia nem lhe passava pela cabeça. E nós conseguimos guardar o segredo de quase todos, para que ninguém distraidamente lhe falasse no assunto. Só posso dizer, dos segredos bem guardados saem as maiores surpresas. E esta foi a surpresa perfeita.


O Outono fazia-se sentir no seu esplendor. Com mais de trinta graus em Portugal neste Outubro de dois mil e onze, foi com uma enorme alegria que senti o frio próprio da estação e que vi as árvores carregadas de folhas vermelhas, um espectáculo que para mim é dos mais belos que a natureza nos dá. Espectáculo engrandecido pelo enorme lago perto do nosso hotel e por onde passámos todos os dias, num passeio tão agradável que nos afastou, mesmo com chuva, dos autocarros que transportam os visitantes ao parque.


Chegámos por volta das quinze e conseguimos por isso aproveitar ainda o final da tarde. O fascínio começa logo à entrada, com o magnífico Disneyland Hotel que, apesar da cor, é a melhor porta que pode haver para um mundo de completa e absoluta magia. Aliás, o que mais cativa na Disneyland é a forma como nada é deixado ao acaso. Para uma amante dos detalhes, como é o meu caso, um sítio onde nenhum pormenor é descurado origina o mais profundo deslumbramento. Isso sobrepõe-se à menos agradável proliferação de lojas, lojinhas e lojecas com variadíssimos artefactos, Made by Disney, que deixam os miúdos loucos de desejo e os pais num ligeiro estado de desespero com tanto "eu quero, vá lá, por favor!!!".   


Mas voltemos ao que realmente interessa, o parque. O espaço está dividido em cinco zonas e, dado que tinhamos pouco mais de duas horas nesse dia, fomos directos à Frontierland, onde está a única montanha-russa que eu consigo adorar: a Big Thunder Mountain. A dose de thrill é quanto baste para nos deixar emplogados e ganha por trocar as descidas vertiginosas que eu detesto por um passeio de cinco minutos, que em tempo de montanha-russa é notável. 

Uma das ideias mais geniais é a do Fastpass, um bilhetinho que está disponível para os divertimentos mais concorridos e que nos indica um determinado intervalo de tempo em que devemos voltar, sem filas, sem esperas, sem perder tempo. É que em vez de estarmos a apodrecer numa fila apertada, podemos ir visitando outras coisas, tendo apenas que regressar às horas indicadas. Pudemos assim, enquanto esperavamos, visistar a Frontierland e dar um pulo à Adventureland. Algumas das atracções estavam em manutenção, mas é o preço que se paga por ir em época baixa e com menos confusão.


Depois do Thunder Mountain, houve ainda tempo para visitar a Fantasyland, mais conhecida como a "zona das princesas". O castelo da Bela Adormecida causou o seu impacto, reforçado pela magia das ruas de contos de fadas. 


Já o carrossel e as chávenas do chapeleiro louco, nem tanto. Mas, apesar do nível de diversão limitado que proporcionam, a sua beleza é inegável...


O que foi realmente divertido nesta zona e nesta visita-aperitivo foi o labirinto da Alice. É espectacular e faz-nos mesmo andar perdidos à procura da saída.
  

Tomámos mesmo um pequeno duche, cortesia da água saltitante...


E, depois de muito andar, sob a ameaça de acabarmos com a cabeça cortada, lá chegamos ao castelo. Como sempre, o pormenor com que tudo está feito é extraordinário.


Com tudo isto, rapidamente chegaram as seis da tarde, hora do fecho do parque. Depois de um jantar em horário nórdico, lá seguimos para o hotel, que à noite se veste de luz e dá uma outra vida ao lago.



Simplesmente magnífico. É claro que caímos redondos na cama, depois de um dia com tantas aventuras. E ainda só estavamos no início...

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