Évora do meu coração
Nos últimos três meses tive um défice de energia tão grande que apenas conseguia ter forças para as tarefas habituais do dia-a-dia. Não tenho saído para fotografar, pouca coisa tenho feito dos meus crafts, não tenho tido sequer pachorra para escrever e os blogues têm andado meio ao abandono... enfim, o que interessa é que, finalmente, começo a sentir-me novamente eu e a ter vontade de voltar para o meu ritmo antigo.
Foi por isso que ainda não vos mostrei a minha última visita a Évora. O André teve um torneio e eu e a Cat metemo-nos à estrada, no meio de um temporal épico, e fomos para casa da mamã... da minha, claro está. Não teremos muito mais oportunidades de ficar naquela casa de aldeia que, apesar de gélida no Inverno e infernal no Verão, tem qualquer coisa que me vai fazer sentir muitas saudades de lá ir e ficar.
Nesse fim-de-semana de Novembro, um dos meus planos era passear pela cidade e fotografá-la como ainda não fiz até hoje. Évora está na minha memória e no meu coração desde pequena, dos dias de Verão em casa dos meus tios, a destilar de calor e ansiosamente à espera da trégua do cair da noite, que trazia um fresco ímpar, à semelhança do clima do deserto. Sinto dever a essa cidade uma dedicatória como deve ser, mas não foi ainda daquela vez porque esteve quase sempre a chover. Ainda assim, saímos de manhã como planeado para ir ao mercado, passar pela Praça do Giraldo e espreitar a restrosaria mais antiga da cidade em busca de galões diferentes para os meus projectos de costura.
O mercado sofreu obras profundas, que o transformaram numa amálgama de mármore, vidro e pequenas lojas. Para os fãs de mercados abertos e espaçosos, o resultado final é uma desilusão. Mas fora de portas há bancas ao ar livre com legumes, azeitonas, massa de pimentão, ervas aromáticas, numa explosão de cores e cheiros acompanhada e enriquecida pela conversa de vendedores e clientes.
Depois de algumas compras, estava na hora de subir até ao centro da cidade...
A caminho da Praça do Giraldo, pernas mais pequenas ficam cansadas pela subida e, trocando a mão da avó, lá arranjam um transporte alternativo bem mais confortável...
Passear por Évora com alguém que lá more é um desafio ao tempo: todos se conhecem, todos se cumprimentam, todos vão sabendo uns dos outros... nada como em Lisboa, onde a pressa constante vai eliminando quase todos os tipos de contacto humano.
E assim continuamos, entre conversas, ruas estreitas e esplanadas encaixadas em sítios mais ou menos exíguos, em busca da tal retrosaria.
Um portão fechado que dá para lado nenhum guarda uma escultura de um artista local...
... e, bem perto, o estilo único da Oficina da Terra faz-se imediatamente anunciar.
E finalmente chegamos à retrosaria. Encavalitada num muro, mal se percebe o que está dentro daquela porta. Mas digo-vos, vale a pena a visita. Vale tanto que, com o entusiarmo, nem fotografei o local. Fica para a próxima...
A hora de almoço aproximava-se a passos largos. O fumo dos assadores de castanhas impregnava as ruas perto da Praça do Giraldo e o céu estava a fechar-se novamente, ameaçando novo temporal. Era hora de voltar...
... não sem antes correr e saltar para assustar os pombos...
Com este pequeno passeio, fica a promessa e a vontade de passear por todos os recantos da cidade e fazer-lhe aqui a homenagem que merece. Talvez na Primavera...
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