Segunda vida - a camisola da mãe


Desde que me lembro, gosto de dar uma segunda vida às coisas. Muitas vezes implica que passem a ter um uso diferente daquele para que foram feitas. Outras vezes, continuam com a mesma utilidade, mas com uma cara diferente. Exemplos disto são os meus antigos cubos de CD e DVD que estão agora na cozinha com as chávenas e pires de café ou dentro dos armários para conseguir espaço extra; os tabuleiros para bolos que de tão grandes raramente são usados e que por isso servem de gavetas também nos armários fundos da cozinha; as caixas de sapatos que passam a organizadores dos armários das casas de banho; as estantes que tenho na arrecadação, que já foram as estantes do meu quarto em casa dos meus pais, para depois serem pintadas de azul, levarem uma cortina e serem o meu espaço de arrumação na cozinha da minha casa anterior; os frascos de vidro que servem para arrumar contas e conchas e botões ou que são reaproveitados para as compotas; os frascos de iogurte que passam a porta-velas; capas de almofada com tecidos de camisa... enfim, há um sem número de exemplos espalhados cá por casa. 

Desta vez dei uma segunda vida a uma camisola. No ano passado, a minha mãe trouxe-me duas camisolas que já estavam velhotas e que ela feltrou para me dar, sabendo que mais tarde ou mais cedo eu faria alguma coisa com elas (obrigado mãe!). A vantagem de feltrar é que se passa a conseguir cortar uma malha sem que esta desfie. Para o processo ficar perfeito, a peça deve ter um alto teor de lã na sua composição: a lã encolhe com a água quente e as malhas ficam muito apertadas, tão apertadas que não desfazem. De qualquer modo, consegue-se feltrar peças com menos lã, apesar de o resultado final não ser tão seguro: a camisola que usei já não tinha etiquetas, mas parece-me que tinha algumas fibras sintéticas na sua composição para além de lã. Ainda assim, conseguiu feltrar o suficiente para não desfiar.Voltando às camisolas: recortei-as pelas costuras para conseguir guardá-las melhor e arrumei-as nas prateleiras de tecidos à espera de um rasgo de inspiração. E ela finalmente veio a reboque dos dias frios: transformar a camisola cor-de-rosa numas luvas sem dedos para a Catarina. Eu adoro luvas sem dedos porque mantêm os pulsos e as mãos quentes mas não nos tiram mobilidade, logo podemos usar as mãos à vontade. 


Quando voltei a montar a camisola para esta fotografia, achei que talvez conseguisse fazer mais qualquer coisa para além das luvas... talvez um gorro com a gola e um cachecol com as mangas... Então pus mãos à obra. Demorei pouco menos de duas horas e cosi à mão, coisa que detesto fazer mas que para aqui teve que ser. Para o gorro, cosi uma extremidade da gola como se fosse uma flor com pétalas cada vez mais juntas. Para o cachecol, cortei as costuras das mangas em viés e cosi uma à outra de modo a ficar um grande rectângulo. Para as luvas, cortei dois rectângulos iguais da frente e das costas da camisola e cosi os lados um ao outro, deixando apenas uma abertura para o polegar. Com as sobras das costuras e dos recortes, fiz seis flores: duas para o gorro, duas para o cachecol e uma para cada luva. E este foi o resultado final.


A Cat ficou felicíssima porque há muito que me pedia umas luvas daquelas. Vieram com bónus e, ainda por cima, em cor-de-rosa!


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