Tarte de espinafres e queijo e um piquenique no parque
Chegámos ao ponto da história em que o mundo se tornou mais rápido do que nós. Em que mesmo que usássemos as vinte e quatro horas do nosso dia, não conseguiríamos fazer tudo, responder a tudo, cumprir tudo. Reconhecer essa realidade implica reconhecer que não somos capazes. Não é fácil. Eu dou-me por feliz por já o ter reconhecido há algum tempo. Sei que nunca verei todos os e-mails que todos os dias inundam as minhas várias contas. Sei que nunca lerei tudo o que existe para ler, que nunca ouvirei todas as opiniões nem que irei algum dia saber tudo sobre um assunto. Sei que nunca experimentarei todas as receitas ou que farei todos os projectos a que me proponho. Que não lerei todos os livros ou ouvirei todas as músicas. Sei-o e ainda bem pois também sei que enquanto não reconhecermos que somos simplesmente humanos, jamais seremos felizes. Porque estaremos sempre com o coração nas mãos, permanentemente preocupados, constantemente deprimidos. E deixaremos a vida passar, sempre a correr atrás de tudo e sem conseguir agarrar nada.
Depois deste reconhecimento, chega-nos uma leveza extraordinária, a leveza que nos permite rir, relativizar, brincar mesmo (e sobretudo) com as coisas sérias. A leveza que nos dá a objectividade suficiente para fazermos o melhor com o que temos, com o que conseguimos gerir, com o que a nossa natureza humana nos permite suportar. A leveza que nos permite sair da roda viva em que a humanidade anda metida e que nos permite perceber que só sobreviveremos se abrandarmos. Se aproveitarmos o que a vida nos dá.
Neste espírito, fui esta semana fazer um piquenique à hora do almoço com alguns colegas de trabalho. Não demorámos muito mais do que o habitual, andámos a pé, apanhámos sol. Sentimos o cheiro da relva que estava a ser regada, sentados numa manta à sombra. Conversámos. Rimos. Divertimo-nos. Parámos. Estivemos uns com os outros. Comemos. Voltámos e, por mim falo, trabalhei bem melhor do que nos dias em que mal me levanto da secretária.
Foi bom. Muito bom. Espero que seja o primeiro de muitos. Obrigado a todos!
Tarte de espinafres e queijo
(ou o meu contributo para o piquenique)
Uma embalagem de massa quebrada fresca, já estendida
Um pacote de espinafres frescos
Dois pacotes de natas
Três ovos
Meio pacote de queijo mozzarella ralado (para pizza)
Sal, pimenta e noz moscada a gosto
Parmesão para polvilhar
Pré-aquecer o forno a cento e oitenta graus. Cozer os espinafres em água a ferver durante três minutos. Bater os ovos inteiros com as natas. Espremer muito bem os espinafres, cortar em pedaços e juntar à mistura de ovos e natas. Juntar o queijo. Temperar com sal, pimenta e noz moscada, provando sempre. Forrar com a massa uma tarteira ou forma de mola, deitar o recheio e ralar parmesão no momento, polvilhando-o sobre o recheio. Levar ao forno até estar bem dourada, durante cerca de trinta minutos.
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